Friday, December 16, 2005

Processo seletivo

“É sempre a mesma coisa. Os caras te chamam pra entrevista, você chega no horário e tem que esperar pelo menos meia hora até alguém te atender. Eles não adiantam o valor do salário por telefone, então nem sei se estou perdendo meu tempo aqui. E nem deve ser entrevista, deve ser uma prova ou dinâmica de grupo, como todas as empresas fazem agora. Que coisa mais chata!”

Enquanto Cíntia se concentra nesses pensamentos, sentada no sofá da recepção da empresa, Marina sai do elevador se sentindo perdida no hall do andar. Há quatro portas de vidro na frente dela e nenhuma tem identificação. Ela pensa: “Por que eles não colocam pelo menos uma plaquinha indicando ‘RH’? Será que isso já é um teste pra vaga? Hoje em dia eles inventam tantos testes pra contratar alguém...”

Ver Cíntia interrompe os pensamentos de Marina. Ela entra na recepção e cumprimenta a amiga, animada com a coincidência.

- Ai, Cí, que bom que você também está aqui! Sempre me sinto tão perdida nessas empresas cheias de processos seletivos!

- Eu também! É sempre bom ter alguém conhecido por perto, principalmente se for dinâmica de grupo. Dá um receio daquelas pessoas estranhas trabalhando em grupo com você, prontas para te boicotar...

Enquanto isso, dentro do elevador, Priscila conversa com Gabriela e Bianca:

- Uma vez, durante uma dinâmica, me colocaram no grupo de uma louca que discordava de tudo que todos os outros da roda falavam. Tipo, nós éramos do time dela e ela boicotando todas as nossas idéias. A nossa apresentação acabou sendo a pior e nem a louca conseguiu a vaga depois. Bem feito!

- Sem noção! E uma dinâmica que eu fui, que contrataram a pessoa que menos abriu a boca durante todo o processo. Todas as pessoas da sala cheias de idéias boas, todo mundo super participativo e a caipira quieta e isolada que levou o salário! – responde Bianca, enquanto as três saem do elevador.

Elas encontram fácil a porta certa para a empresa, pois vêem Cíntia e Marina. Quando o elevador anuncia que mais alguém vai descer naquele andar, as cinco recém-formadas já não se espantam ao ver mais uma colega de faculdade aparecer no hall. Dessa vez é Fabiana:

- Ai, não acredito! É reunião das meninas da sala mesmo? – comenta logo.

O elevador traz mais duas: Camila e Joana. A recepção agora está lotada e as moças falam todas ao mesmo tempo. A animação é tanta, que nenhuma delas percebe o homem um pouco mais velho que chega e senta-se para aguardar a entrevista, como elas.

- E aquela prova para a vaga na TV semana passada? Colei todas as respostas de atualidades da garota mais nerd da manhã, que estava sentada bem do meu lado! – confessa Cíntia, rindo da situação.

- Também, eles colocam todo mundo numa sala de auditório, como se ninguém se conhecesse pra colar. Encontrei um amigo meu de outra faculdade que falou que a sala dele inteira tava lá, todos sentando perto uns dos outros. Quem perderia essa brecha? – complementa Marina, também achando graça da situação.

- Eu acho que deveríamos fazer uma comunidade na Internet: “eu odeio processo seletivo”! – diz Fabiana e as outras brincam discutindo quais tópicos de discussão teria a comunidade.

Em outro canto do sofá da recepção, Bianca mostra-se saudosa:

- E pensar que antigamente era só uma entrevista com o chefe da empresa e você já era ou não contratado na hora... Meu primeiro emprego, antes de entrar na faculdade, foi assim. Fui lá, conversei meia hora com o chefão e já tava contratada. Sem frescuras.

- Com certeza era bem mais fácil e mais eficaz também. Quem não concorda com isso, é puxa-saco de RH – comenta Gabriela rindo e reparando pela primeira vez no homem sentado próximo a ela – Oi, você não concorda com a gente?

- Desculpa?! – responde o homem olhando pela primeira vez diretamente a uma das moças.

- Você não concorda que esses processos seletivos de hoje em dia não levam a nada? – Gabriela repete a pergunta.

- Bem, não é bem assim... – começa o homem - Acredito que as atividades em grupo revelam bem o estilo de cada um para o trabalho. Claro que também são necessários funcionários bastante perspicazes para fazer a observação desses grupos. Contudo, sobre os enganos na contratação, esses ocorriam mesmo quando era utilizada apenas uma entrevista por candidato. Então, concordo que nenhum processo seletivo é cem por cento eficaz, mas a evolução dos métodos é muito positiva.

Na ponta mais distante do sofá, Joana fala baixo e ri com Camila e Cíntia:

- E este é um dos puxa-sacos!

Pela porta lateral próxima a mesa da recepcionista, uma mulher elegantemente vestida e usando um crachá da empresa entra na sala e chama pelo nome do homem.

- Sou eu – diz ele, levantando-se da cadeira.

- O senhor me acompanhe, por favor, até a minha sala. – Ela se volta para as meninas - Quanto a vocês, senhoritas, infelizmente nenhuma foi aprovada na primeira fase do processo seletivo. Guardaremos os currículos de vocês em nosso banco de dados para as próximas oportunidades. Obrigada pela participação e até a próxima. – E de novo olhando para o homem – Vamos?

Ambos desaparecem pela porta lateral e as meninas ficam por um minuto em silêncio. Cíntia é a primeira a se manifestar.

- Que processo? Que primeira fase?

A recepcionista, então, resolve explicar:

- Estão vendo aquelas duas câmeras ali em cima, penduradas no teto? Então, a primeira fase aqui é a observação das atitudes dos candidatos logo na recepção da empresa. Parece que eles não gostaram muito das posturas de vocês...

Friday, December 09, 2005

Aeronave

Aconteceu em uma pequena cidade chamada Argina. Betinho, Eduarda, Marilinha, Lipe e Denis, todos com nove anos, brincavam na rua próxima a praça principal quando ouviram um barulho ensurdecedor vindo do céu. Lipe olhou para cima e não conseguiu dizer nada. Betinho gritou:

- Corre! Vai cair em cima da gente!

O objeto caiu a poucos metros deles. Com o violento impacto sobre o solo, as cinco crianças caíram de bruços. Na praça, os adultos deitaram no chão e cobriram suas cabeças com os braços.

Betinho virou o rosto para trás e viu a peça envolvida pela fumaça do contato com o asfalto. Seus amigos levantaram junto com ele e os cinco foram em direção ao objeto. Parecia ser o bico de um avião.

- Tem alguém aí? Ei? Tem alguém aí? – chamou Eduarda.

- Ai, eu não quero ver gente morta! – chorou Marilinha.

- Relaxa, Marilinha! Vem Duda, vamos dar uma olhada lá dentro – falou Denis, puxando a amiga pelo braço.

Não havia sobrado nenhum caco de vidro nas janelas da frente. A porta de entrada de passageiros estava amassada como se tivesse levado um forte soco no centro. O suposto pedaço de um avião acabava ali, logo depois da porta. Betinho e Lipe entraram por trás, mas não viram corpo algum lá dentro.

- Crianças, saiam já daí! Os bombeiros já foram chamados! – gritou um senhor na praça.

- Ajudem! Ajudem! A outra parte do objeto caiu ali na rua de trás! – veio gritando uma mulher.

Eduarda e Denis saíram correndo em direção a tal rua. Mas a confusão ao redor era tanta, que os dois não conseguiam passar pelo asfalto. Era um mar de curiosos e bombeiros chegando. Optaram por pular os muros das casas vizinhas e cortar caminho por dentro de cada quintal.

Afastados do objeto pelos bombeiros, Betinho e Lipe puxaram Marilinha pelos braços e seguiram atrás de Eduarda e Denis. Quando os cinco chegaram na outra rua, viram o que parecia ser o final da cauda de um avião. Também não havia ninguém lá dentro.

- Mas onde será que está o resto? – perguntou Betinho.

As crianças ficaram paradas olhando a peça, cheias de dúvidas. Na rua próxima a praça, os bombeiros cancelaram as buscas e confirmaram que não havia risco de explosão. Todas as pessoas em volta quiseram, então, olhar de perto o que agitou tanto o dia daquela pacata cidade.

A curiosidade era tanta que, em poucos dias, tanto o suposto bico quanto a suposta calda de avião viraram pontos turísticos de Argina. Guias contavam histórias incrementadas sobre as duas peças, cheias de lendas e personagens. Betinho, Lipe, Eduarda, Marilinha e Denis eram citados nelas.

Anos e anos mais tarde, quando os cinco já haviam partido da vida terrena, tornaram-se verdadeiros heróis nas histórias dos novos guias, que recheavam cada vez mais de aventuras os fatos.

Friday, December 02, 2005

Doidão

Carlão está em um bar, sentado na cadeira velha de madeira, com a cabeça apoiada nos braços cruzados em cima da mesa de madeira. A sua volta, o barman seca a louça com um pano de prato atrás do balcão, dois homens bebem seus copos de pinga sentados nos banquinhos em frente a ele, quatro senhores jogam pôquer a dois metros de distância de Carlão e outros dois ainda mais distantes aplaudem e riem do pianista velho e corcunda que toca o som ambiente.

De repente, Carlão levanta e caminha em direção a porta de saída. Imediatamente, os dois homens brincalhões param de rir e saem atrás dele. Lá fora, os três cavalgam pela estrada – Carlão na frente – em direção ao centro da cidade.

Em frente à delegacia, os cavalos são presos e os três cavaleiros entram na sala do xerife. Esse último dorme com os pés em cima da mesa e o chapéu cobrindo a face. Carlão e os dois homens vão às celas e as encontram vazias.

Carlão vira em direção a saída do corredor das celas quando escuta um som conhecido. Imediatamente se lembra da letra da música, que diz algo sobre um gato que pôs um ovo. Ao olhar para as celas novamente, mortos-vivos erguem-se do chão em direção as grades, cantando a música Vampiro Doidão do Raul Seixas.

Carlão e os dois homens lutam com espadas contra pelo menos vinte espécies de vampiro-fantasmas. Estes continuam cantando e rindo ao atravessar as espadas e os corpos do três valentões. Quando estão prestes a desistir de lutar com mortos-vivos, um dos homens percebe que eles usam capacetes de vidro. Acerta um dos capacetes e o vampiro-fantasma some no ar, deixando um pequeno rastro de pó no chão. Os humanos, então, conseguem eliminar mais alguns estranhos inimigos.

Carlão está em um bar, sentado na cadeira velha de madeira, com a cabeça apoiada nos braços cruzados em cima da mesa de madeira. A poucos metros da sua mesa, os dois homens brincam novamente com o pianista que toca como som ambiente a música “Vampiro Doidão”.

Prédio novo

Ivan comprou seu novo apartamento quando o projeto ainda estava na planta. O valor total foi financiado pelo banco em duzentos e quarenta meses. Valia o sacrifício: iria se casar com Lílian e formar sua família em uma casa própria.

Atualmente, o edifício está quase pronto e Ivan chamou sua amiga Beatriz para conferir o interior do imóvel. Ela será a responsável pelo projeto de decoração do novo lar. Outros dois amigos de Ivan, Felipe e Ludmila, ofereceram-se para ir junto, apenas porque estavam muito curiosos para conhecer o local.

É um sábado ensolarado e Ivan resolve ir logo cedo ao endereço. Felipe e Ludmila ficam admirados com a claridade e o espaço do apartamento, no décimo primeiro andar. Beatriz anota algumas medidas e discute idéias com Ivan. Quando acaba a visita, todos ajudam a fechar as janelas e, ao saírem, entram em um dos dois elevadores parados no andar.

Quando a porta se fecha, o elevador despenca. Em pânico, Ivan tenta se apoiar nas paredes. Ludmila fica pálida e treme o corpo todo. Beatriz perde o equilíbrio e cai sentada no chão. Mas, em vez de mostrar medo, ela começa a rir dela mesma e, principalmente, de Ivan e de Ludmila. Felipe a acompanha nas gargalhadas.

- Ai, meu Deus, esse negócio não vai parar! E você, pára de rir, Bia! – grita Ivan.

- Eu... (risos)... eu não consigo... (risos)... a sua cara... (risos)

Em pensamento, Ludmila reza: “Ai, meu Deus! Me tira daqui! Faz esse elevador parar!”

De repente, o elevador dá um tranco violento e pára. Ludmila agradece: “Obrigada, meu Pai!”. Ivan corre desesperado para a porta. Beatriz ainda está sentada no chão, tentando parar de rir. Felipe age com a maior naturalidade.

- Calma, relaxa, pessoal! O elevador só quebrou, não tem nada demais! É tão normal...

- Normal? Cala a boca, Felipe! Preciso dar um jeito de abrir essa porta! Socorro! – grita Ivan.

- Vou tentar o interfone! Alô, quem fala? Lúcia? Lúcia, aqui é Ludmila, eu e meus amigos estamos presos aqui no elevador social. O elevador despencou e agora parou. Precisamos sair daqui depressa! – fala rapidamente Ludmila.

- Desculpa, mas eu não posso ajudar agora. Não posso deixar a sala vazia, podem aparecer clientes. – responde Lúcia, a corretora de imóveis de plantão no prédio.

- O quê? Lúcia, você não entendeu! Nós precisamos de socorro, urgente! O elevador pode cair novamente e...

- Ora, não há perigo. Vocês nunca ficaram presos em elevador? Daqui a pouco conserta e vocês saem daí.

- Como conserta? Sozinho? Por mágica? O elevador não quebrou simplesmente, ele despencou, Lúcia! Des-pen-cou! Você está entendendo? – Ludmila agora treme de nervoso.

- Sinto muito, mas já disse que não posso fazer nada.

- Não é possível! – Ludmila mostra-se completamente exaltada - Que espécie de serviço vocês querem oferecer aqui se quando o cliente fica preso em um elevador ele não tem atendimento? Pelo amor de Deus!

- É só isso, senhorita Ludmila? Eu realmente não posso ajudar nessa questão, preciso voltar ao meu trabalho.

- É, é só isso! Obrigada por nada! Vocês acabaram de perder uma possível compradora e vários outros comigo!

Ludmila desliga o interfone tremendo e lacrimejando de nervoso.

- Não fica assim não, Lud! Deixa essa Lúcia pra lá! Tá tudo bem aqui! – Felipe consola Ludmila enquanto a abraça.

- Cara, em que mundo você vive? – diz Ivan, impaciente, e começa a bater na porta do elevador – Ei? Tem alguém aí? Socorro!

- Seu Raimundo! Seu Raimundo! – Beatriz resolve chamar pelo porteiro.

No térreo, Raimundo está sentado diante de uma mesa de madeira e tenta ajustar a sintonia do seu rádio à pilha. De repente, ouve gritos vindos do corredor dos elevadores.

Ao colar o ouvido na porta fechada do elevador social, Raimundo escuta duas vozes conversando lá dentro. O homem está nervoso, reclamando da qualidade do equipamento, enquanto a mulher parece muito tranqüila, rindo de todas as reações tensas do rapaz.

Raimundo aperta o botão para chamar o elevador e ele não acende. Decide, então, perguntar a dupla que está lá dentro:

- Tá acontecendo argum pobrema aí? Ei? Argum pobrema? Num pode segurá o elevadô não...

- Raimundo, finalmente! – comemora Ivan – Nós estamos presos aqui! O elevador caiu!

- Caiu? Caramba! Vô chamá já a ajuda! Pode esperá aí sossegado, seu Ivan! Tenho o telefone na gaveta lá da mesa. Vorto já!

- Obrigada, Raimundo! – grita Beatriz.

Enquanto Raimundo telefona, Ivan anda de um lado para outro dentro do elevador.

- Por favor, hein, Ivan! Que vergonha um futuro pai de família com chilique dentro de um elevador!

- Ah, Bia, não enche! É um perigo isso aqui! Um elevador novo despencar desse jeito!

- É por essas e outras que eu odeio elevador! – declara Ludmila.

- Você não queria que a gente descesse onze andares de escada, né? Fala sério... – comenta Felipe revirando os olhos.

- Pelo menos não estaríamos nessa situação!

- Você devia ter subido de escada também, então!

- Devia mesmo! Tô acostumada mesmo!


- É, eu sei, eu sei! Vocês acreditam que a Lud sobe quatro andares de escada todo dia lá no escritório? Não usa nunca o elevador!

- Claro, bastou usar uma vez para aquela porcaria me deixar presa!

- Ih, Lud, então foi você quem deu azar pra gente! – responde Beatriz, gargalhando.

- Nossa, Beatriz, qual é o seu problema? Pára de rir! Precisamos dar um jeito de sair daqui! Esses freios não vão agüentar segurar essa caixa aqui por muito tempo... – argumenta Ivan.

- Eu bem disse que você estava precisando perder uns quilinhos... – mais risadas de Beatriz, acompanhada por Felipe.

- Seu Ivan! Seu Ivan! – grita Raimundo.

- Finalmente, Raimundo! Já pode nos tirar daqui?

- O sinhô e os seus amigo vão precisá esperá mais uns vinte minutinhu.

- Vinte minutos?! – espanta-se Ivan.

- É! Isso!

- Mas isso é um absurdo! Vou abrir essa porta agora mesmo!

- Num pode, seu Ivan! O sinhô num pode quebrá o elevadô! O prédio é novo!

- Raimundo, o elevador já está quebrado! E eu vou sair daqui agora!

Beatriz continuou rindo do desespero de Ivan.

- Relaxa, amigo! Vinte minutos passam depressa. Senta aí!

- Como você pode achar tudo normal?

- Ué, adianta se desesperar?

- Vou abrir essa porta!

- Seu Ivan, já falei! O sinhô num pode quebrá o elevadô! Num podemo ficá sem elevadô!

- Dê um jeito você então de abrir essa porta, Raimundo!

- Eu não! Deus o livre! Num sô de quebrá coisa dos otro não! A moça disse direitinho: aguarde vinte minuto!

- Que moça? – perguntou Ludmila.

- A moça que atende o telefone da moça que vende os elevadô. Tenho o cartão da moça que vendeu os elevadô pra firma que feiz o prédio, porque ela esqueceu na sala da dona Lúcia quando veio visitá ela. Elas são amiga e...

- Raimundo! – interrompe bruscamente Ivan, tentando controlar sua tensão – O que foi que essa moça disse? Melhor: o que você perguntou?

- Ué, perguntei da moça que vende os elevadô, e ela tava em reunião, aí a moça do telefone falô pra esperá vinte minuto e ligá de novo!

- Pelo amor de Deus, Raimundo! Esse elevador despencou! A empresa que fabrica essa droga só deve ser processada! E a tal moça que vende elevadores não vai poder ajudar em muita coisa! Faz o seguinte: liga para os bombeiros, entendeu? Para os bom-bei-ros!

Beatriz e Felipe riem das trapalhadas de Raimundo. Ludmila está tão irritada quanto Ivan.

- Mas seu Ivan, se o elevadô tá com pobrema, a moça da firma tem que resorvê!

- Chega! Essa porta vai ter que abrir! O pessoal dessa empresa só deve vir amanhã, se vier!

E não adianta o Raimundo protestar: Ivan força tanto a porta que a quebra. Em sua frente, uma parede cobre a maior parte da passagem para o térreo, deixando apenas uma pequena abertura na parte de cima. Beatriz levanta imediatamente e faz Ivan a ajudar a sair primeiro. Ludmila vai em seguida e Ivan sai antes de Felipe. Raimundo, em vez de ajudar, fica assistindo a cena, rindo da situação dos quatro jovens.

- O sinhô é doido, seu Ivan! E se o elevadô cai bem na hora que o sinhô tá saindo? Corta o sinhô no meio!

- Muito engraçado mesmo! Se dependesse de você, não sairia nunca dessa droga! Sai da minha frente!

Em poucos dias, Ivan convoca uma reunião de condomínio com os poucos proprietários dos novos apartamentos. Sua idéia era propor a troca da empresa responsável pelos elevadores e a substituição de Raimundo. Mas ninguém comparece. Como nenhum deles se mudou para o prédio ainda, pensaram que era trote.

Quando Ivan fica preso novamente no mesmo elevador por causa de outra falha no sistema, resolve vender o apartamento para Beatriz e comprar algo em um prédio antigo mesmo para sua futura família.

Perigo

A assassina entrou vagarosamente na casa. Não teve dificuldade nenhuma para abrir o portão da frente e a porta de entrada. Qualquer criminoso sabe abrir fechaduras e cadeados sem precisar arromba-los.

Ela observou uma certa desordem na sala. Entre as almofadas largadas no chão, havia alguns álbuns de fotografias. A assassina pegou um dos álbuns e observou a primeira foto. Era o seu alvo, a jovem Alice, diante de uma mesa com bolo e brigadeiros, em sua mais recente festa de aniversário.

Deixando o álbum em cima do sofá, a assassina caminhou silenciosamente até a cozinha. Preferiu não acender a luz. A luminosidade da rua entrava pela janela e era suficiente. Ela pegou um dos copos que secavam em cima da pia e abriu a geladeira. Suas atividades na rua a deixavam com muita sede e gostava de beber água sempre bem gelada.

Alice abriu uma pequena fresta na porta de seu quarto. Era possível ver, através do corredor, que havia luz acesa na cozinha. Arriscou-se mais. Abrindo a porta, colocou a cabeça para fora do quarto e viu parte das costas de uma mulher e a geladeira aberta.

A assassina terminou de tomar seu copo d’água, colocou a garrafa em seu lugar e fechou a geladeira. Alice rapidamente voltou para dentro do quarto e encostou a porta devagar.

Com o coração disparado e tentando controlar a respiração ofegante, Alice encostou-se na parede e raciocinou sobre a situação. Poucos minutos antes havia escutado o tiro. O barulho veio da casa de seu vizinho, o senhor Nestor, que morava apenas com alguns cachorros e o papagaio. “Pobre senhor Nestor!” – pensou a jovem.

No momento do tiro, passando o choque inicial, ela se lembrou de que precisava fugir ou se esconder. Quando levantou da cama, ouviu o barulho da fechadura da porta da sala. Alice, então, preferiu ficar escondida no quarto mesmo.

Na cozinha, depois de tomar seu copo d’água, a assassina encontrou um pacote de velas aberto. Pegou um pires no escorredor de pratos e o colocou em cima da mesa. Com seu isqueiro, acendeu a vela. Então, fez o sinal da cruz.

Alice olhou para a janela de seu quarto. Sua casa era térrea, não haveria problemas se ela pulasse para o quintal.

A veneziana correu muito devagar. Alice suava e prendia o ar, como se esse cuidado ajudasse a não fazer barulho. Inspirou profundamente quando acabou a tarefa de abrir a janela. Sentou-se no parapeito. Passou as duas pernas para o outro lado. Pensou em pular, mas o som do impacto de seus pés sobre o chão despertaria a atenção da mulher. Virou-se de lado e foi jogando o peso do corpo nos braços, até ficar pendurada com as mãos no parapeito. Levemente, escorregou para o chão do quintal. Inspirou novamente. Viu na janela ao lado a pequena claridade com que a chama da vela iluminava a cozinha.

A assassina apagou o cigarro que estava fumando e seguiu vagarosamente em direção ao corredor de acesso aos quartos. Parou diante da porta do quarto de Alice. Observou que a porta estava apenas encostada e procurou não emitir som algum enquanto a empurrava.

Alice andava a passos largos em direção ao muro dos fundos da casa. De repente, ouviu que algo vinha em sua direção rapidamente. Parou por um momento e olhou para trás.

Enquanto isso, a assassina abria a porta do quarto. Deparou-se com o ambiente vazio. Sentiu o vento que vinha da janela aberta. Nesse momento, ouviu um latido agudo vindo do quintal.

O poodle veio correndo em direção a Alice. Encostada no muro, ela sentia vontade de pega-lo pelo pescoço e força-lo a parar de latir. O pequeno cachorro a alcançou e continuou rosnando enquanto pulava nas pernas dela.

A assassina correu para a janela e viu Alice e o poodle. Alice lembrou-se que havia uma porta na cozinha que também dava acesso ao quintal. Tentou desesperadamente achar um apoio para que pudesse subir no muro e pular, enquanto chutava o cachorro. Ouviu o barulho da chave abrindo a porta da cozinha e começou a gritar por socorro.

Calmamente, a assassina veio andando em direção ao seu alvo. Alice não olhava em direção a ela, apenas tentava subir no muro e gritava com o poodle, que agora mordia a ponta da sua calça de pijama.

Fechou os olhos e foi sentindo a mulher se aproximar. A assassina parou atrás de Alice. Essa última cobriu a cabeça com os braços e se curvou levemente. A mão da assassina se aproximou devagar das costas de seu alvo.

- Alice?

A garota tremia dos pés à cabeça.

- Não me mate, por favor! Não me mate!

O cachorro havia sentado do lado das duas e observava a cena.

- Alice? Alice?

A moça abriu os olhos. Abaixando os braços, foi olhando em direção a mulher. Empalideceu de susto.

- Mãe! – exclamou Alice.

- Minha filha, o que está acontecendo com você?

O cachorro latiu. Alice olhou para ele. Era o seu poodle Feroz.

- O que está acontecendo? Mas eu ouvi um tiro... E alguém entrou aqui... E tinha um cachorro estranho... – Alice pensava em voz alta, confusa.

- Ué, você não lembra? Eu avisei que chegaria do trabalho mais tarde hoje. Quem você pensou que era?

Ainda um pouco tonta, Alice abraçou a mãe. As duas caminhavam para dentro de casa quando ouviram um barulho de tiro. Alice jogou-se no chão, apavorada.

- Ai, o seu Nestor com esses fogos... Que é isso, Alice? Levanta daí! Você não está bem, minha filha... Venha! Imagina você que vieram todos os fogos com problemas. Ele devia parar de testa-los a essa hora da noite e deixar para reclamar amanhã na loja.

Metrô

Olho o relógio. Tudo certo. As vinte e duas horas em ponto eu estarei na catraca da estação de metrô Vila Madalena. Gosto dessa minha pontualidade. É desagradável deixar as pessoas esperando.

Começo a viagem na linha verde mesmo, na estação Brigadeiro. A linha verde do metrô em São Paulo liga a estação Paraíso à estação Vila Madalena (passando pela Brigadeiro, Trianon-Masp, Consolação, Clínicas e Sumaré).

Muitos dos que entram comigo descem na Trianon-Masp. Por que tantas pessoas pagam metrô para ir da Avenida Brigadeiro até o Masp? Povo sedentário! A caminhada é tão rápida!

Estação Consolação. Eu estou sentada no meio do vagão e três pessoas que estão a minha frente saltam ali. Olho para trás. Agora não há ninguém no vagão além de mim.

Controlo o meu medo. Nunca estive sozinha em um vagão de metrô ou trem. E confesso que o fato de viajar embaixo da terra me causa certo pânico. Mas que bobagem, não preciso ter medo só porque estou sozinha! Acho que poucas pessoas descem na Vila Madalena nesse horário mesmo.

Mas... Pensando bem... É sábado, dia de sair com os amigos, e está cheio de opções de barzinhos naquele bairro. Falando francamente, nunca vi a linha verde tão pouco movimentada. É um sinal de que eu devo descer também? Pelo menos procurar um vagão ocupado? Até as portas estão demorando a fechar.

Levanto, vou em direção a porta. Certo, é tarde demais. O apito toca e as portas se fecham. Volto a sentar no banco. Inspiro profundamente o ar para tentar me acalmar e...

Meu Deus! O trem mudou o sentido! Ai, meu Deus!

Levanto e olho para a porta. Desespero! Ai, meu Deus! Ando de um lado para outro na frente da porta e... Ai, meu Deus! Esse negócio vai estacionar e eu vou ficar presa!

A imagem é bem clara na minha mente. O trem vai parar no fim do túnel. As paredes vão impedir minha saída por qualquer uma das janelas. Na minha imaginação, as luzes ainda estão acesas mas... Como vou avisar alguém? Celular pra quê nessas horas, se não funciona embaixo da terra?

Estou tendo um ataque de pânico! Ai, meu Deus! Ai, meu Deus! Por que eu não desci com todo mundo? Bato na porta. Como se alguém pudesse me ouvir! A imagem do trem estacionado volta à minha mente. Nela, continuo sozinha, aflita e ninguém vem checar se há alguém preso. Pergunto-me: quanto tempo levará para usarem esse trem novamente?

Deixando de lado essa imagem, penso na minha família. Meu pai me levou até a Avenida Paulista achando que eu encontraria alguém ali mesmo. Eles ficam muito preocupados com o uso de transporte público à noite, depois das vinte e uma horas, e eu não quis incomodar falando a verdade. Porém, com certeza o meu amigo que me espera na Vila Madalena ficará preocupado e ligará em casa. Eles vão descobrir que eu menti! Ai, meu Deus!

A campainha toca. Nunca gostei tanto de ouvir essas palavras: Estação Paraíso. Obrigada, Senhor! O que foi que aconteceu aqui?

Desço tremendo dos pés a cabeça. Mal consigo olhar para as pessoas. Elas entram naquele trem, que vai seguir de novo o sentido para a Vila Madalena. Jamais entraria ali de novo! Não, nem me arrisco!

Espero o próximo. Continuo tremendo. Minhas pernas mal agüentam o meu corpo. Prometo: dessa vez, se todo mundo descer, eu desço também!

Lá vem ele. Entro no vagão mais cheio. Minhas mãos seguram firmemente a jaqueta e a bolsa no meu colo. Começa a contagem regressiva.

Brigadeiro, descem algumas pessoas. Trianon-Masp, mais algumas. Consolação. Dessa vez ficam seis pessoas além de mim lá dentro. Mesmo assim, seguro mais forte a jaqueta e a bolsa.

Ufa! O trem se move sem mudar o sentido. Clínicas. Três descem. Que demora! Sumaré. O casal lá do fundo desce. Só sobra eu e outro jovem dentro do vagão.

Minhas mãos apertam ainda mais a jaqueta e a bolsa. Peço proteção a Deus. Chega logo, Vila Madalena! Chega logo! O rapaz nem me olha. Mas eu tenho receio. Infelizmente, a vida está violenta demais, temos que ficar atentos sempre. E eu não conheço esse cara. Vai que ele levanta e vem me abordar? Essa droga de Vila Madalena não chega logo!

Campainha. Estação Vila Madalena. Finalmente! São vinte e duas horas e quinze minutos.

Ao sair do vagão, vejo na mão do tal rapaz uma bíblia. Como pude desconfiar dele? E por que estou pensando nisso? Inspiro profundamente o ar. Chego a catraca e encontro o meu amigo. Minha expressão ainda é de susto. “O que aconteceu?”, ele pergunta. Conto tudo, porém saindo depressa dali. Chega de metrô por essa noite!

Mistérios da meia-noite

Os pais de Bianca passam todos os finais de semana na praia. Ela aproveita o fato de ficar sozinha no apartamento para reunir os amigos em festinhas ou para assistir a algum filme.

Era um sábado. Pouco mais de meia dúzia de amigos chegavam para uma das sessões de filmes. A sala de estar era pequena para o número de convidados, mas todos se acomodavam bem nos sofás, cadeiras e no chão também.

Quando há muitas pessoas falantes reunidas, fica difícil conseguir deixa-las em silêncio. Rapazes e moças falam ao mesmo tempo, contando novidades, fazendo brincadeiras uns com os outros, lembrando coisas engraçadas do último encontro. Finalmente alguém grita "vou colocar o DVD, hein" e todos começam a diminuir o ritmo da conversa.

Eram quatro filmes naquela noite. Começaram pela comédia.

Luzes apagadas, a história começou. O roteiro era leve e engraçadinho. No entanto, metade da turma estava dispersa ainda e mal conseguia prestar atenção.

Acenderam-se as luzes. Era hora de fazer pipoca. O aparelho de microondas facilitou a tarefa. Em poucos minutos, algumas tigelas estavam espalhadas pela sala de estar, acompanhadas de copos com refrigerante.

Mais uma comédia. Dessa vez todos estavam concentrados e o roteiro era melhor. Garantia de muitas risadas. Era bom relaxar primeiro, para deixar os filmes de suspense para a madrugada.

Quando acabou o segundo filme, Ronaldo levantou-se para fazer mais pipocas. Houve protestos quando ele ameaçou acender a luz da sala de estar, então ele se dirigiu ao interruptor da sala de jantar. O lustre pendurado no centro - parecido com aqueles de salões de jogos, sobre mesas de pôquer - iluminou o ambiente e Ronaldo chegou mais fácil a cozinha.

A pipoca ficou pronta e todos já estavam acomodados à frente da televisão. Ronaldo, carregando seu pote individual de pipocas, desligou o interruptor da sala de jantar.

No mesmo segundo, o lustre despencou e espatifou no chão.

O susto foi geral! Teve gente que levantou na mesma hora. Bianca pensou na bronca que levaria de seu pai. Depois correu para ver se o lustre não atingiu a mesa da sala de jantar, que tinha um tampão de vidro. Para seu alívio, ela não foi atingida. Mas havia cacos minúsculos do lustre por todos os lados.

Daí em diante, os últimos dois filmes foram deixados de lado. Mesmo varrendo várias vezes a sala, Bianca continuava achando pequenos cacos nos cantos. Uns amigos mais assustados começaram a levantar teses sobre espíritos. Outros faziam piadas. Ronaldo sentia-se culpado, porém todos sabiam que não era culpa dele: ele só havia desligado a lâmpada.

De qualquer forma, sabendo ou não os motivos para aquele lustre ter caído, os amigos de Bianca resolveram ir embora mais cedo naquela noite.

Foi essa a história que Bianca contou a seus pais. Até hoje o pai não acredita nela e a mãe prefere não defender nenhum dos lados.

O show

Era noite de quinta-feira. O ônibus estava cheio, mas eu estava sentada. O som do rádio do motorista atraía toda a minha concentração. Eu ia ao show do Paul McCartney no Estádio do Pacaembu, em São Paulo, e a emissora parecia transmitir ao vivo o evento.

Let it be, Yellow Submarine... Será que o Paul McCartney canta músicas dos Beatles em seu show? Não sei. Não sei nem por que estava com tanta vontade de ir àquele show. Com o som do rádio, eu já me sentia no Estádio. Visualizava Paul cantando aquelas músicas no palco.

Trânsito na avenida. Ninguém conseguia andar em meio aquela multidão de carros e pessoas. Os passageiros desceram ali mesmo, no meio da rua, antes de chegar ao ponto de ônibus. Eu continuei sentada, olhando o grupo caminhar em direção ao Pacaembu.

Minutos passaram e, finalmente, o ônibus voltou a andar. Eu, ainda envolvida pelo som, olhava as coisas acontecerem sem raciocinar sobre elas. Na minha cabeça, apenas algumas perguntas: "Será que é o show ao vivo mesmo no rádio? E eu estou aqui nesse ônibus ainda?". Olhei as ruas pela janela. Não consegui reconhecer nenhuma delas.

De repente, começou a tocar That thing you do. Obedeci a minha vontade de cantar em voz alta, e não mais em pensamento. Aquela canção me tirou do transe e pensei: "Isso é do filme The Wonders, e não dos Beatles! O show não deve ter começado ainda! Mas por que não desci como todo mundo no Pacaembu? O cobrador nem me avisou!".

Puxei a corda e saí, completamente perdida. Não reconheci nada naquele bairro escuro. Não havia ninguém para pedir informações. Que desespero! Que horas era o show? Daria tempo de chegar? Eu estava com o ingresso na bolsa, porém nem pensei em olhar.

Fui em frente. Cheguei a uma rua mais ampla e bem iluminada. Algumas pessoas vinham em direção contrária, no entanto eu não tinha coragem de pedir informações - maldita timidez! Quando olhei para o meu corpo, percebi outro problema: eu estava de pijamas! Que vergonha senti! Eu precisava de ajuda!

Logo, à direita, avistei um condomínio de casas de paredes brancas e telhados verdes. A primeira casa era a portaria e parecia mais uma recepção de clube de campo. Lá dentro havia um senhor usando o telefone, pois sua residência não tinha um. Eu o observava escondida atrás da porta de entrada, torcendo para que ninguém me visse de pijamas.

Olhei em volta. Aquele lugar lembrava um hotel fazenda também. Parecia que eu tinha saído da capital. Ninguém estranharia me ver de pijamas em um hotel fazenda, mas, ao olhar de novo para o senhor, encontrei seu olhar e senti vergonha novamente. Então, voltei para a realidade e para a caminhada.

Andava vagarosamente até que, de repente, senti certeza sobre qual direção deveria pegar e cheguei à casa de uma amiga. Subindo as escadas do sobrado, o ambiente estava tão claro, que parecia ter amanhecido do lado de fora. Outro amigo nosso estava morando com minha amiga e havia algumas visitas na casa. Todos estavam muito entretidos com a televisão, então não repararam nos meus trajes. Ainda bem!

Peguei uma roupa emprestada com minha amiga e me troquei rapidinho. Ao chegar na sala, minha vó estava esperando para me acompanhar até a porta. O que minha vó estava fazendo ali? Não tinha tempo para perguntar. Saí em uma rua completamente diferente da qual estava quando cheguei. E era noite novamente do lado de fora da casa.

Sem tempo para pensar no sentido desses acontecimentos desconexos, apenas me alegrei ao ver que aquela avenida eu conhecia. Agora bastava esperar o ônibus. A poucos metros, um relógio marcava vinte e uma horas. Será que o show começaria às vinte e duas? Ou começou às vinte horas e eu chegaria no final? Às vinte não era o jogo do Campeonato Paulista? Senti desespero e ansiedade novamente!

Foram tantas as dúvidas, que nem lembro mais o que aconteceu depois. Só sei que acordei às quatro horas da madrugada na minha cama e ainda faltavam três horas para eu levantar e ir trabalhar.
Olá, leitores.

Publicarei neste blog um conto por semana. A atualização ocorrerá sempre às sextas. Espero receber comentários de vocês. Podem falar bem, podem falar mal, avaliem, critiquem, pois os comentários recebidos podem ajudar a melhorar os próximos textos.

Obrigada!