Friday, April 13, 2007

Route Of All Evil Tour

De repente, as luzes foram se apagando. As fotos do vocalista, dos guitarristas, do baixista e do baterista apareceram em todos os telões e alguns trechos instrumentais de músicas famosas tocaram ao fundo. O grito pôde sair da garganta após treze anos de espera!

Perdoem o clichê, mas realmente não é possível descrever a emoção que sentimos quando vemos ao vivo a nossa banda predileta. Tentarei, contudo, registrar o máximo possível nessas linhas.

O show de abertura foi bom, apesar da frieza típica dos estrangeiros em terras brasileiras e da “espontaneidade coreografada” do vocalista do Velvet Revolver. Só os funcionários responsáveis pelas imagens nos telões não perceberam que o show a parte era o guitarrista Slash, ex-Guns N’Roses.

Mesmo com a ansiedade pela entrada da banda principal, pensei que já não teria uma reação tão emocionada na hora do show. O medo de mal conseguir enxergar o palco no meio de uma pista tão cheia, de não conseguir chegar nem um pouquinho mais perto e depender de telões para assistir ao espetáculo pediam para o meu instinto controlar o coração. O jeito era pular, cantar, como em qualquer evento desse tipo que costumo ir, sem esperar um turbilhão de emoções.

Mas não teve jeito! Só de ver as fotos nos telões o grito explodiu! Ao ver Steven Tyler em pessoa, com seu perfeito figurino, adentrando o palco, a garganta aos berros foi acompanhada pelos pés saltitantes! Eu só sabia gritar, pular e cantar Love in an Elevator!

Steven Tyler nos vocais, Joe Perry (detonando!) e Brad Whitford nas guitarras, Tom Hamilton no baixo e Joey Kramer na bateria (com direito até a camisa da seleção brasileira) – o Aerosmith estava ali, ao vivo, perfeito, interagindo com o público, na medida em que tocavam para o público, muito além de fazer o som apenas para a satisfação pessoal. O repertório só não foi perfeito, porque, para fã que é fã, só seria perfeito se eles tocassem todas as músicas de todos os CDs! Mas na entrevista ao Jornal da Globo que foi ao ar na madrugada de quarta para quinta-feira, Steven não estava apenas “fazendo média” quando disse que iria tocar o que eles viram que o público brasileiro queria através de pesquisas. Em comunidades do Orkut, na Internet, muitos fãs sugeriam Toys in the Attic e foi uma (ótima) surpresa vê-los tocando essa música, além de Joe Perry cantando Stop Messin' Around do CD Honkin’ On Bobo, mas foi surpresa também não vê-los cantando músicas mais famosas em emissoras de rádio como Crazy, Amazing, Pink e Full Circle. Eu, sinceramente, queria ouvi-los cantando Eat the Rich... Ok, voltamos ao “fã que é fã” e eu queria ouvir todas de todos os CDs!

O meu definitivo surto explosivo particular começou com Falling In Love (Is Hard On The Knees) e criou um nó na garganta quando logo em seguida veio a batida de Cryin’! Minhas duas músicas preferidas, especialmente Cryin’, que eu só não chorei de verdade, porque estava empolgada demais até pra chorar! Meu marido me levantou e lá do alto eu cantava com coração, pulmões, cordas vocais e tudo que tinha direito! Só não cantava mais alto do que o Steven, porque ele tinha um microfone!

Tudo isso, porque meu primeiro contato com a música do Aerosmith foi aos 12 anos (hoje eu tenho 25). Get a Grip, lançado, se não me engano, em 1992 pelo Aero, foi minha primeira fita cassete, porque até então eu não me ligava muito em comprar discos ou fitas. No colégio, Cryin’ era uma das canções mais escutadas nas aulas de Artes, na qual a professora deixava ouvirmos músicas com freqüência. O generoso arroto do início da segunda faixa também sempre fora motivo de risadas entre nós, meros adolescentes, mas que já pensávamos ser adultos. Em 1994, o CD Big Ones foi um estouro reunindo os maiores sucessos da banda e Cryin’, regravada nesse lançamento, podia não ser fiel a qualquer história minha, mas era a trilha sonora dos meus sonhos e fantasias de menina. E ela é a “minha música” até hoje, sem motivo especial, apenas é e pode ser para sempre!

Ontem, especificamente, depois de Cryin’, veio What It Takes! Seqüência musical absurda – no ótimo sentido! Ok, a noite toda foi absurdamente maravilhosa!

Janie’s got a gun lembrou o Hollywood Rock de 1994. Naquela época, eu nem pensava em me deslocar para outra cidade para ver um show e mal sabia que o Aerosmith ia demorar tanto para pisar aqui novamente – aliás, também não sabia, na época, da vinda deles para São Paulo, antes da descida no Rio, eu era realmente bastante mal informada. Só lembro que o festival ia passar na TV, pela Globo, e eu fiquei no quarto que nós chamávamos de "quarto da bagunça" em casa, diante de uma TV 14’’ velhinha, que já vinha dando problemas, e na hora do Aero e sua Janie’s got a gun, acabou a luz. Bom, sem comparação com a situação de ver o show ao vivo ontem, claro.

Foi difícil acreditar que o show de ontem ia mesmo acontecer. Parecia inatingível! Quando anunciaram a vinda deles para esse ano, eu disse que só acreditava na hora da venda de ingressos. Quando comprei o meu, ainda parecia que algo poderia estragar tudo - um cancelamento por parte da banda, alguém doente... No dia do show, 12 de abril, passei o dia todo mais ansiosa pela dúvida se o show aconteceria de verdade do que qualquer outra coisa! E o medo da chuva das oito horas cair mais forte depois das nove e cancelar tudo? E o medo depois do show do Velvet Revolver de alguém aparecer no palco e falar que a apresentação ia ser cancelada? Só acreditei na hora em que eles entraram no palco! Mas depois que acabou, morro de medo de acordar e ver que foi apenas um mega sonho!

Foram duas horas de apresentação (com o bis que finalizou a noite com a música Walk This Way e uma despedida bem mais calorosa do que a do Velvet Revolver; infelizmente, as platéias dos shows não são mais as mesmas, agora são conformadas e não pediram o segundo bis). Eu já estava bem mais perto do palco, e achei que teria até mais um bis surpresa, mas infelizmente terminei o evento sem olhar diretamente nos olhos de cada integrante da banda de pertinho (e ver direitinho suas rugas e plásticas).

Tudo bem, tudo bem... Tenho certeza que era para mim que o Steven estava olhando certa hora de cima da passarela (sim, o palco tinha até passarela para eles avançarem na pista), quando eu estava no alto, carregada pelo meu marido, e balançamos juntos, eu e Steven, em sincronia, as mãos pro alto. Para quem duvida, não me importo. Foi assim e essa história é linda!

E eu quero mais! Ficou uma saudade infinita dentro do peito! E se tivesse outro show hoje, eu gritaria muito mais, porque aprendi a berrar sem ficar rouca - só estou com uma forte dor de garganta, porém é a melhor dor de garganta da minha vida! ;-)


Observações gerais:
Parecia que haviam jogado algo no formigueiro. A saída do Estádio do Morumbi foi um verdadeiro caos! Pessoas seguindo para os mais diversos sentidos, carros parados, motoristas que achavam que adiantava atropelar os pedestres nas saídas dos estacionamentos, eu e meu marido andando para todas as direções até encontrar uma rua mais tranqüila e um motorista de táxi que estive disposto a nos levar para casa (porque a maioria dos que estavam parados na região, diziam que não podiam sair; tem gente que não sabe lucrar).
O prejuízo financeiro não veio na compra do ingresso – que valeu cada centavo e ainda mais pelo show do Aerosmith. Mas veio na noite do show. Uma caixinha de Ades R$ 3,00, um sorvete de limão R$ 3,00, um kit Habib’s a R$ 5,00, no qual a esfiha de queijo nem é feita com a massa normal das esfihas de lá, e sim com massa folhada. Vinha também um pastelzinho de belém e um kibe no kit, mas, fazendo as contas, foi a esfiha mais cara que já comi do Habib’s (risos). Se alguém quisesse camiseta oficial, era R$ 50,00. Claro que a maioria das pessoas compraram do lado de fora por R$ 20,00. E como não ver o show com a camiseta? Não dava pra esperar elas serem vendidas por R$ 15,00, R$ 10,00 no final do show. ;-)