Friday, December 02, 2005

Mistérios da meia-noite

Os pais de Bianca passam todos os finais de semana na praia. Ela aproveita o fato de ficar sozinha no apartamento para reunir os amigos em festinhas ou para assistir a algum filme.

Era um sábado. Pouco mais de meia dúzia de amigos chegavam para uma das sessões de filmes. A sala de estar era pequena para o número de convidados, mas todos se acomodavam bem nos sofás, cadeiras e no chão também.

Quando há muitas pessoas falantes reunidas, fica difícil conseguir deixa-las em silêncio. Rapazes e moças falam ao mesmo tempo, contando novidades, fazendo brincadeiras uns com os outros, lembrando coisas engraçadas do último encontro. Finalmente alguém grita "vou colocar o DVD, hein" e todos começam a diminuir o ritmo da conversa.

Eram quatro filmes naquela noite. Começaram pela comédia.

Luzes apagadas, a história começou. O roteiro era leve e engraçadinho. No entanto, metade da turma estava dispersa ainda e mal conseguia prestar atenção.

Acenderam-se as luzes. Era hora de fazer pipoca. O aparelho de microondas facilitou a tarefa. Em poucos minutos, algumas tigelas estavam espalhadas pela sala de estar, acompanhadas de copos com refrigerante.

Mais uma comédia. Dessa vez todos estavam concentrados e o roteiro era melhor. Garantia de muitas risadas. Era bom relaxar primeiro, para deixar os filmes de suspense para a madrugada.

Quando acabou o segundo filme, Ronaldo levantou-se para fazer mais pipocas. Houve protestos quando ele ameaçou acender a luz da sala de estar, então ele se dirigiu ao interruptor da sala de jantar. O lustre pendurado no centro - parecido com aqueles de salões de jogos, sobre mesas de pôquer - iluminou o ambiente e Ronaldo chegou mais fácil a cozinha.

A pipoca ficou pronta e todos já estavam acomodados à frente da televisão. Ronaldo, carregando seu pote individual de pipocas, desligou o interruptor da sala de jantar.

No mesmo segundo, o lustre despencou e espatifou no chão.

O susto foi geral! Teve gente que levantou na mesma hora. Bianca pensou na bronca que levaria de seu pai. Depois correu para ver se o lustre não atingiu a mesa da sala de jantar, que tinha um tampão de vidro. Para seu alívio, ela não foi atingida. Mas havia cacos minúsculos do lustre por todos os lados.

Daí em diante, os últimos dois filmes foram deixados de lado. Mesmo varrendo várias vezes a sala, Bianca continuava achando pequenos cacos nos cantos. Uns amigos mais assustados começaram a levantar teses sobre espíritos. Outros faziam piadas. Ronaldo sentia-se culpado, porém todos sabiam que não era culpa dele: ele só havia desligado a lâmpada.

De qualquer forma, sabendo ou não os motivos para aquele lustre ter caído, os amigos de Bianca resolveram ir embora mais cedo naquela noite.

Foi essa a história que Bianca contou a seus pais. Até hoje o pai não acredita nela e a mãe prefere não defender nenhum dos lados.

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