Thursday, February 21, 2008

A ilha

Quando abri os olhos, estava em um quarto de hotel, deitada na cama e coberta apenas por um lençol branco de linho. A decoração do cômodo remetia a um ambiente de praia e verão e os adultos agitavam-se para descer até o restaurante, onde era servido o café da manhã.

Eu estava bem jovem, uma adolescente. Não havia casado, nem tido sequer o primeiro namorado. Era uma fase de viajar com os pais ainda e passar a viagem toda sonhando em conhecer uma turma de praia que me traria, como brinde, o meu primeiro amor.

Naquela ilha, finalmente aconteceu: encontrei um gaúcho, o Fabiano. O estranho era que ele se parecia muito com um gaúcho metido que estudara comigo na sexta série do ginásio, só que sem a arrogância do meu ex-colega de sala.

As cenas passaram-se como nos sonhos: eu e Fabiano corríamos na praia, jogávamos um ao outro no mar, beijávamos sob o pôr do sol. Escapávamos da severidade dos meus pais para aproveitar a madrugada com a turma até o dia amanhecer. As horas eram coloridas com as cores de um romance feliz.

A volta à realidade era conduzida pelos sentimentos de insegurança. Será que ele namoraria comigo fora da ilha? Será que eu deveria me apaixonar? Meus casos duravam apenas uma semana...

E chegou o dia de Fabiano ir embora. Ir embora da ilha. Atrás do carro carregado de bagagens, ele prometeu me esperar. E me beijou ardentemente, acendendo a chama da esperança em meu peito. Os dias posteriores não tiveram baladas com os novos amigos, nem jogos de sedução entre a adolescente tímida e o rapaz mais charmoso da turma. A viagem voltava à mesma rotina entre o tédio dos passeios com os pais e o sonho de viver um verão como o dos filmes e programas adolescentes da televisão.

Eu acusava meus pais por isso. Eles haviam me feito tímida e isolada. Com seus horários e regras, jamais me deixariam formar uma turma na praia. Com seus programas adultos, como eu conheceria alguém da minha idade? Enquanto eu tomava o meu suco de laranja e esperava eles beberem a vigésima saideira da madrugada, observava o público de cabelos grisalhos do restaurante e do bar. O que me restava era sonhar...

Duvidava da espera de Fabiano. Duvidava da existência de Fabiano. E já não sabia se era sonho ou realidade, mas a minha ilha de verão começou a afundar. Ia desaparecer do mapa. O que a atingia? Fogo? Bomba atômica?

Íamos morrer se continuássemos na ilha.

Fabiano existia. Ligou em meu celular e avisou que o noticiário da TV anunciava a tragédia. No entanto, havia uma esperança: uma última balsa, em um porto antigo da ilha. O dono do bar confirmou. Saí com meus pais correndo desesperadamente em direção à balsa, pouco antes das paredes do bar deitarem ao chão como folhas de papel sob a força do vento.

Nossa salvação era uma grande tábua de madeira pintada de azul, empurrada pelas águas por um tipo de transporte bastante precário. Cabia quase a população toda, entretanto. Pulei e caí deitada sobre a tábua, e estendi o braço direito para ajudar meus pais a embarcarem nessa fuga. Mas os dois permaneceram estáticos. Meu pai dava o braço à esposa e olhava a balsa com um olhar conformado. Minha mãe aceitava o braço do marido e - pude ver apesar da escuridão - deixava uma lágrima escorrer em seu rosto.

Eles decidiram ficar na ilha!

Uma onda de desespero invadiu meu peito e explodiu em gritos. Eu precisava vencer a atitude derrotista tão característica daqueles dois. Minha mãe chorava copiosamente e logo vi seu braço direito deixando o de meu pai, enquanto o esquerdo se estendia à minha ajuda. Meu pai aceitava a morte.

Era como se ele seguisse as ordens do destino, mesmo sem nunca ter acreditado em destino. Como se fosse impossível ele conseguir subir naquela tábua de madeira. Como se para salvar nossas vidas, ele precisasse abrir mão da vida dele.

Alcancei seu braço. Puxava, chorava, implorava. Ele desviava - o braço, o corpo, o olhar. Do mesmo jeito sério e cheio de raiva com que desviava de mim sempre que implorava para ele não sair de casa, depois de alguma briga séria com a minha mãe.

Depois das brigas, ele sempre ia embora. Voltava horas depois sem dizer uma palavra, a ninguém. As vezes parecia que, no fim, ele ficava com mais raiva de mim do que da minha mãe. Seu jeito duro e intransigente me machucava. Eu odiava os dois. Ela por começar a briga, ele por levar a briga ao limite, à exaustão. Eu só queria paz...

Por que ele tinha que ser daquele jeito? Por que não me olhava enquanto eu implorava e o puxava para a salvação? Minha força foi tanta, que consegui joga-lo para a balsa. Ele ficou ali, deitado, estático, como se não soubesse como reagir à minha violência. Continuava sem me olhar, com a expressão séria e transtornada. Eu o abraçava e chorava, como nunca havia chorado na vida.

Lágrimas de desabafo. Desabafando o ódio, os ressentimentos, a angústia, a dor. Com um nó sufocante na garganta, eu senti que precisava dizer aquela frase. Aquela frase que não era dita há muitos anos. Aquela que deveria fazê-lo aceitar a minha súplica de lutar pela vida. De forma tímida e engasgada, eu finalmente disse em seu ouvido:

- Te amo...

Senti o impacto dessa frase no peito e saí do estágio mais profundo do sono. Não abri os olhos de imediato. Percebi a sensação de estar no meu quarto, do lado do meu marido, com uma bagagem de vida muito maior do que aquela da fase da adolescência. E a certeza de que algumas ilusões permanecem guardadas apenas para o meu mundo dos sonhos, porque é real a suposição de que nunca mais conseguirei dizer eu te amo para meu pai.

Friday, February 01, 2008

Carnaval

Samba-enredo da Mocidade Alegre, porque foi o que mais gostei esse ano:

É festa amor... Sorria!
A Mocidade é pura emoção
E vem cantando radiante de alegria
São Paulo é tudo de bom!!!



Seja bem-vindo amor
A Sampa, linda Terra da Garoa
Terra futurista que o poeta vislumbrou
Com sua ousadia e inovação
Gigante que acolhe e transforma
Seu filho em um vencedor
Cidade que não pára
Na bravura traz seu valor
Palco da arte e cultura
Cenário do meu carnaval
São Paulo multicultural


O dia vai, a noite vem, eu vou
Sair, viver a boemia
Curtir em Sampa várias atrações
Me divertir até o raiar do dia



Sampa e seu cardápio mundial
Tem sabor especial... Vem ver
E na terra da gastronomia
Têm encanto e magia... Prazer
Lindo é sentir a liberdade
E ficar bem a vontade... Viver feliz
Diversidade, amigo, é natural
Preconceitos, afinal, não existem por aqui
É tempo de harmonia, respeito ao valor
Das tribos nessa festa multicor!!!

Tuesday, January 22, 2008

Momento Enxaqueca

Náusea, azia, fome avassaladora, cansaço, prisão de ventre, coceira, dor nas costas...

Mas o que mais incomoda mesmo são as pessoas em volta, que acham que você tem que passar os nove meses da gravidez com barrigão de nove meses! Hellowwwww!!!

Obs.: Esse texto bem humorado fica em homenagem aos meus vizinhos paraguaios, que me acordaram hoje às seis horas da manhã, porque sempre acham que o corredor do andar é extensão da casa deles! Hellowwwwww!!! (risos)

Monday, August 20, 2007

GRAMADO (RS) – 6º dia

Como o nosso vôo de volta para São Paulo estava marcado para as 23h10, estendemos ao máximo nossa permanência em Gramado. Saímos do Hostel bem próximo do horário de check-out, que costuma ser ao meio-dia. O tempo havia mudado novamente (no dia anterior estava bem quente), com direito a garoa e queda de temperatura, e unindo a isso o peso da nossa bagagem, optamos por ir de ônibus até a Rodoviária, para comprarmos as passagens para Porto Alegre.

Só pegaríamos a estrada às 16h15, então aproveitamos para comprar os últimos souvenirs para as famílias e uma mala extra para o que estávamos carregando em sacolas. Procuramos um lugar para comer que aceitasse cartão, pois não queríamos passar em caixa eletrônico, mas na segunda tentativa sem sucesso acabamos nos entregando ao vício e fomos novamente ao O Pasteleiro (lá aceitam).

Choveu um pouco mais forte durante o almoço e comemos sem pressa. Ainda deu tempo da chuva parar, caminharmos lentamente até a Rodoviária e aguardarmos com tranqüilidade o ônibus.

Mais descansada do que no dia da chegada, pude ficar acordada durante o trajeto até Porto Alegre e observei melhor o caminho. Impressionou-me o número de casas de beira de estrada muito bem cuidadas e sem portões e grades. Uma paz que eu gostaria de ter na minha cidade! Só ao chegar na grande Porto Alegre que a paisagem mudou e as favelas tomaram conta novamente. Já estávamos voltando ao clima de cidade grande.

E como em toda cidade grande, a sexta-feira estava bastante tumultuada em Porto Alegre. Lá o ar estava bem abafado. Ainda não era o sufoco da capital paulista, mas era uma multidão que lotava o trem na Estação Rodoviária. O Aeroporto também estava bastante movimentado.

Comparando o aeroporto de Salvador com o da capital gaúcha, reparamos que realmente a Bahia investe mais no turista, pois lá a quantidade de lojas com mimos da região é significativa. Em Porto Alegre, predominam lojas de marca, como se fosse um shopping center, e até cinema tem, dentro do aeroporto. Como turista, preferi o de Salvador.

Nosso vôo atrasou apenas 40 minutos, com direito a pedido de desculpas do piloto. Ele ainda foi gentil ao avisar as condições do tempo em Guarulhos e fizemos uma viagem bastante tranqüila.

Ao final, chegamos a conclusão de que cinco dias em Gramado foi pouco para nós, porém temos certeza de que voltaremos mais vezes!

Fotos: www.fotolog.com/alexandrab - “Pórtico de entrada (via Taquara)” (postada em 20/08).

Wednesday, August 15, 2007

ARE YOU READY TO ROCK?

Observação: Vou fazer uma pausa nos resumos da viagem à Gramado para comentar sobre o show do Scorpions ontem, dia 14 de agosto de 2007, no Credicard Hall, em São Paulo.

Toda vez que vem ao Brasil uma banda de rock formada nas décadas de 1960, 70, a primeira coisa que ouço é: “será que os velhinhos dão conta?”.

Velhinhos? Pois o que vi no palco ontem foi um pique muito maior do que o de muitos jovens por aí! O mesmo pique impressionante que presenciei no show da banda no dia 12 de outubro de 2005, durante o Live 'N' Louder Rock Festival, no estádio do Canindé, também em São Paulo. Naquele ano eles estavam na turnê do CD Unbreakable (2004); esse ano foi a vez do Humanity Hour I (2007).

Outro comentário óbvio que costumam fazer ao ouvir o nome “Scorpions”: “qual música eles tocam? Ah, tem aquela Still loving you, né?”, como se essa fosse a única música da banda! Santa ignorância!

Claro que eles tocaram Still loving you ontem à noite. Mas Scorpions é muito mais do que isso! E bem longe de ser uma banda de baladinhas apenas. Mais ou menos 90% do show em São Paulo foi de puro hard rock, levando os fãs que lotaram a casa (os ingressos de cadeira e camarote acabaram nas primeiras semanas de venda e, nas últimas semanas, só os ingressos de inteira para pista ainda eram vendidos) ao delírio. Aliás, foi um dos melhores públicos de show que vi atualmente. Tranqüilidade e educação predominaram na platéia e uma emoção coletiva muito alto-astral!

Não é por acaso que o Scorpions atravessa décadas e continua vivo com uma legião de fãs de todas as idades! Klaus Meine, Matthias Jabs, Rudolph Schenker, James Kottak, Pawel Maciwoda garantem a qualidade do som do início ao fim da apresentação (que durou quase duas horas) e são extremamente carismáticos, com suas performances e contato com o público. Klaus abriu a noite com um perfeito “Boa noite, São Paulo” e depois com um não tão perfeito “Tudo bem?”, que saiu meio “tchudo bém?”, para diversão dos brasileiros. Durante a apresentação, até “galera” ele tentou dizer, mas o sotaque alemão não permitiu uma grande pronuncia e divertiu novamente o público. Em inglês, cantou ainda uma letra improvisada com o ritmo de “Aquarela do Brasil” e elogiou diversas vezes a beleza do ambiente da casa e do público. E por mais que os céticos achem sempre que as bandas falam isso para todos, havia uma sinceridade e espontaneidade no olhar de Klaus ao fazer esses comentários que não encontrei em nenhum outro artista.

O baixista Pawel Maciwoda também teve seu momento antes do já famoso solo de bateria de James Kottak. Seu pequeno solo de baixo teve direito a Enter Sandman do Metallica e foi muito aplaudido. Kottak, como sempre, levou a público às divertidas brincadeiras e aos berros.

Originalmente marcado para as 21h30, o show começou um pouquinho depois das 22h, porém o atraso era completamente justificável pelo trânsito que estava do lado de fora. Os canteiros da Marginal já estavam lotados às 21h e a fila de carros que ainda tentava estacionar no Credicard Hall foi devidamente encaminhada para outro estacionamento na rua de trás, que também já estava quase lotado.

O repertório intercalou músicas do novo CD, Humanity Hour I, do antecessor Unbreakable e as mais antigas. O bis teve quatro músicas, incluindo aí a famosa Still loving you, a Wind of Change (sempre emocionante), Rock You Like A Hurricane e When The Smoke is Goin’ Down. Os destaques no set foram as músicas novas, que funcionam muito bem, principalmente 3 2 1 e The game of life. Além também das clássicas, como Holiday (minha preferida), The Zoo, Tease Me, Please Me, Blackout, Big City Nights, com guitarras ainda mais pesadas do que em qualquer outra gravação ou apresentação. A produção de palco não era exuberante (e precisava ser?). Ao fundo, apenas a capa do último álbum.

Resumindo, uma noite maravilhosa de rock e satisfação! Esperamos que, novamente, o Scorpions não demore a retornar ao Brasil!

Monday, August 13, 2007

GRAMADO (RS) – 5º dia

Por sorte, a quinta-feira do dia 5 de julho amanheceu com sol e temperatura amena. No ponto próximo ao Gramado Hostel, pegamos um ônibus circular "Saiqui" para Canela e, em poucos minutos, descemos próximo a estrada do Caracol. Resolvemos não ir ao museu Mundo à Vapor.

Dica: R$ 1,55 a passagem do ônibus. Canela é realmente muito perto de Gramado.

Antes da viagem, eu havia pesquisado na Internet sobre a possibilidade de passear pelos parques de Canela sem depender de excursões de agências ou de carro alugado. Pelos relatos que encontrei, pareceu fácil caminhar pela estrada do Caracol a pé até o Parque do Caracol, passando ainda pelo Parque do Pinheiro Grosso e pelo Castelinho Caracol. Dependendo do pique, iríamos até o Parque da Ferradura depois, mais para o fim da estrada.

Nos primeiros minutos, vimos algumas casas e até pousadas no caminho. Mais à frente, a mata foi tomando conta da paisagem ao redor da estrada asfaltada e não encontramos nenhuma placa para o tal Parque no Pinheiro Grosso. A primeira sinalização que encontramos dizia: Parque do Caracol, 6km. Ok, eu não previ isso (risos).

Dica: Para nós, virou lenda. Mas, dizem que existe uma araucária com 48 metros de altura, 2,75 metros de diâmetro e cerca de 700 anos, que deu o nome ao Parque do Pinheiro Grosso, no km 2 da RS-466 (a estrada do Caracol).

Quando não conhecemos uma estrada, temos receio do que vamos encontrar. Poucos carros passavam por ali. Outra placa de sinalização aumentou a incerteza: “Atenção, animais silvestres”. Graças a Deus, não vimos nenhum o caminho todo (risos).

Finalmente, encontramos outros trechos habitados, incluindo aí uma madeireira, uma grande churrascaria e até uma escola. Cerca de dois quilômetros antes de avistar o Parque, chegamos ao Castelinho Caracol, no qual servem um dos apfelstrudel mais famosos da região.

Dica: Ingresso para visitar o Castelinho, R$ 4,00 por pessoa. Apfelstrudel com uma pequena bola de sorvete, R$ 15,00 – caro, pelo tamanho, mas gostoso. Visite o www.castelinhocaracol.com.br.

O Castelinho foi construído com madeira de araucária e um sistema de encaixes e parafusos, sem uso de pregos, no início do século XX. Muitos objetos e móveis foram conservados, inclusive o fogão, o mesmo que até hoje é usado para fazer o apfelstrudel. Passear pelos ambientes do Castelinho é uma deliciosa viagem ao passado. E para quem gosta de casas como eu, é inevitável a vontade de ter uma igual aquela!

Renovados, continuamos a caminhada até o Parque do Caracol. Ali já encontramos um atendimento bem menos simpático – não sei se pelo fato de chegarmos a pé.

Dica: Ingresso do parque, R$ 8,00 por pessoa. Só para sorrir...

A principal atração é a Cascata do Caracol e ela é realmente hipnotizante! A queda tem 131 metros e percorre rochas de formação basáltica. Há um pequeno mirante gratuito para a observar de cima. O mirante que proporciona uma vista de 360º do parque custa R$ 5,00 por pessoa. Claro que não pagamos, ainda mais para subir até ele de elevador! Medo! (risos)

O mirante de 360º não foi a única surpresa paga do parque. O trenzinho que dá acesso à aldeia Apache, montada próxima à escada para a base da cascata, também cobra ingressos de R$ 5,00 por pessoa. Além disso, há um restaurante e uma feira de artesanato para quem quiser gastar mais. Portanto cobrar R$ 8,00 por pessoa só para o parque manter a escada não é nada razoável.

Uma compra é fundamental antes de descer a famosa escada de 927 degraus até a base da cascata: uma garrafinha de água. Tenho certeza que é o que mais vende no quiosque de sorvetes no parque!

Infelizmente, com o desgaste provocado pelo tempo e pela água da própria cascata, a parte final da escada, já na base, estava quebrada e devidamente interditada. Portanto, só descemos uns 780 degraus. O suficiente para sentir os respingos da queda d’água e observa-la muito de perto. Ficamos uns bons quarenta minutos ali embaixo, apenas meditando sobre a força e a beleza da natureza. Meus pensamentos participavam daquela corrida vertical rumo às pedras. Era uma corrida de deuses para um delicioso mergulho no rio, que iniciava então uma corrida aquática, horizontal, mato adentro...

A subida pela escada, que aterroriza tantos sedentários, é bastante tranqüila. Há muitos pontos de descanso, com bancos de madeira para sentar, pelo percurso. Eu e meu marido usufruímos de quase todos, para chegarmos com a respiração normalizada no topo. Por isso é que informamos: dá para descer e subir tranqüilamente. E é essencial ver a cascata de perto, em sua base!

Depois da maratona, resolvemos perguntar aos funcionários da portaria se havia algum ônibus dali até o centro de Canela. Eles nos informaram que os ônibus só passam pela estrada do Caracol em três horários: 8h, 12h e 18h. Eram cerca de 15h. Um dos funcionários resolveu ser um pouco mais prestativo e foi verificar se um dos funcionários da administração realmente iria para o centro naquele momento. Ele nunca mais voltou com a informação, (risos)!

Desistimos da boa vontade deles e seguimos a pé o caminho de volta. Na altura do Castelinho, meu marido foi vencido principalmente pela fome e resolveu pedir carona. Um senhor, morador da região do caracol, fez o favor de nos levar até uma rua próxima à Catedral de Pedra, nosso próximo ponto turístico. Ele ia para aqueles lados mesmo e nos contou como resolveu morar em Canela – funcionário aposentado da Caixa, ele visitou a cidade apenas uma vez e resolveu ficar.

Canela é bem mais movimentada e sua arquitetura é menos padronizada. Enfim, é pouco charmosa perto de Gramado. Esta última é de uma simplicidade e educação que garantem um ambiente refinado e mais encantador do que o de Canela.

Antes de visitarmos o interior da Catedral de Pedra, achamos um único lugar para comer aberto, o Empório Canela. Um espaço bem aconchegante para uma refeição e ligado a uma boa e curiosa livraria. Há algumas peças antigas presentes na decoração da mesma, até no banheiro.

Dica: Sanduíche Colonial, de salame e queijo, R$ 5,00 – muito gostoso, porém não muito farto. Sanduíche Miga Mixto, de presunto, queijo e tomate, R$ 8,00 – bom também, contudo o tamanho engana, pois o pão de forma é leve. Panini, R$ 2,50 – tão pequeno que não vale nem R$ 1,00.

A Catedral Nossa Senhora de Lourdes, conhecida como Catedral de Pedra, é realmente linda, majestosa e muito bem conservada. Foi nosso último ponto turístico, pois não dava mais tempo (e pique) para ir até o Alpen Park. Caminhamos até a Rodoviária de Canela e pegamos o ônibus circular para Gramado.

O lanche da noite foi no Croasonho. Feitos por um simpático e atencioso senhor, os croissants eram realmente bons, mas pequenos. De lá ainda caminhamos pelo centro e compramos garrafas de suco de uva Ghesla, um dos mais fortes da região. Para nosso paladar menos acostumado, é necessário acrescentar um pouco de água para toma-lo. No Hostel, descobrimos que precisávamos de uma mochila a mais para trazer tudo de volta a São Paulo!

Aguardem o relato do 6º dia – hora de ir embora...

Fotos: www.fotolog.com/alexandrab - 1ª foto “Castelinho Caracol” (postada em 08/08), 2ª foto “Castelinho Caracol - fogão” (postada em 09/08), 3ª foto “Cascata do Caracol” (postada em 10/08), 4ª foto “Escada para a base” (postada em 13/08), 5ª foto “Catedral de Pedra” (será postada em 14/08).

Tuesday, August 07, 2007

GRAMADO (RS) – 4º dia

Na quarta-feira, resolvemos ficar em Gramado mesmo e deixar o passeio em Canela para o dia seguinte. Por ser de graça, passamos no Museu do Perfume primeiro. Ele pertence à Fragram (Fragrâncias de Gramado) e é bem pequeno, com alguns poucos equipamentos antigos relacionados a fabricação de perfumes. Primeiramente, é passado um vídeo com uma explicação bem curiosa sobre a extração de essências e, depois, pudemos observar de perto os objetos expostos. No fim, a vendedora da loja nos apresentou alguns perfumes femininos, masculinos e unissex.

Dica: www.fragram.com.br.

Depois do Museu do Perfume, caminhamos até o centro e fizemos um lanche na Crepe & Cia. O crepe suíço servido por eles tem o triplo do tamanho do vendido nas barracas paulistas e vem bem recheado. Um pouco mais tarde, voltamos para a Av. das Hortências para visitarmos o parque Mundo Encantado, da família Foss.

Dica: O ingresso para esse parque custa R$ 10,00 por pessoa e não aceitam cartões. Mais informações e fotos no www.mundoencantadoparque.com.br.

No local, pudemos observar três ambientes que retratam um pouco dos costumes dos italianos e alemães pioneiros na colonização de Gramado, e um com toda a trajetória de Jesus Cristo na terra – esse foi o primeiro cenário criado por Moacir Foss, na década de 1970. Em todos, as miniaturas e cenários formam lindo conjunto. Para crianças que gostam de coisas mais movimentadas, as personagens em movimento lavando roupas, serrando madeira, colhendo uvas, entre outras atividades, são bem interessantes! Mas pela riqueza de detalhes e perfeição das peças, o Mini Mundo ainda é mais encantador.

Continuando o tour pelos museus de Gramado, chegamos ao Museu Medieval. Pequeno, expondo algumas armas e elmos, o foco principal do local é a exposição e produção de objetos com brasões de família. O castelo medieval Saint Georg, construído para ser transformado em museu de brasões e cutelaria, era um sonho antigo do heraldista Gilberto Guzenski. Atendidos pela esposa de Gilberto, achamos o brasão do meu sobrenome espanhol, mas infelizmente não achamos o do sobrenome português do meu marido, que ela ficou de pesquisar melhor depois.

Dica: É possível saber mais sobre a arte heráldica e a produção dos objetos com brasões de família no site www.museumedieval.com.br. O ingresso para o Museu Medieval custa R$ 5,00 por pessoa. Não é permitido fotografar dentro do castelo.

Por último, passamos no Museu, Fábrica e Loja da Prawer. Na verdade, não dá para chamar de "museu" aquela exposição de 3 ou 4 máquinas antigas de fabricação de chocolate. Além do “Museu”, a visitação à Fábrica também é gratuita, pois o dinheiro mesmo se gasta na compra de chocolates na Loja depois. É uma fábrica simples, de pequena produção, e a visita não inclui degustação. Para quem já visitou fábricas de chocolate maiores, este é um passeio bem sem graça.

Dica: Legal mesmo é visitar a fábrica da Garoto em Vila Velha, no Espírito Santo. Fui há uns três anos atrás, custou R$ 5,00 para entrar na época, mas comemos quantos chocolates agüentamos durante a visita, além de vermos uma incrível produção em larga escala. É um passeio imperdível para quem visitar essa cidade.

O final de tarde com café e suco de uva foi no Bistrot Brillat, na Rua Coberta. Um cardápio com preços salgados, porém compatíveis com a sofisticação do lugar. É uma delícia curtir o fim de tarde ali e ainda podendo folhear algum livro, já que a livraria fica ao lado e deixa alguns exemplares disponíveis em uma pequena bancada em frente à vitrine, para a curiosidade dos leitores.

Totalmente adeptos aos lanches, meu marido e eu resolvemos voltar ao O Pasteleiro à noite. Mais uma vez a cidade estava tranqüila, sem muitas pessoas transitando pelas ruas. Segundo a dona do Museu Medieval, os moradores de Gramado estão acostumados a se recolherem entre 18h e 19h em suas casas e quem passa as noites nas ruas da cidade, geralmente, são os turistas mesmo. Parecidíssimo com São Paulo, não? (risos)

Aguardem o relato do 5º dia – visita à Canela!

Fotos: www.fotolog.com/alexandrab - 1ª foto “Museu do Perfume” (postada em 02/08), 2ª foto “Mundo Encantado” (postada em 03/08), 3ª foto “Museu Medieval” (postada em 06/08), 4ª foto “Bistrot Brillat” (postada em 07/08).